30 de maio de 2011

Catch a Fire - Bob Marley & the Wailers



Bob Marley foi definitivamente a melhor coisa dos anos 70 disse, num momento raro de humildade, Caetano Veloso. Eu só tenho que concordar, alem de foda, Bob foi muito importante concretizando as revoluções libertadoras dos anos 60 e a contra-cultura mundo afora: o Movimento Rastafari, hoje com mais de um milhão e meio de adeptos, o Reggae, infiltrado no meio do Pop, do Rock e do Eletronico em todos os cantos do globo, os Dreads, que pela mão de Gil figuraram até nos minesterios e... a Maconha, hoje permitida em paises como Alemanha, Argentina e Holanda alem de descriminalizada em 12 estados norte-americanos não seriam a mesma coisa sem esse figura. Este post é uma homenagem a esse puto: há 30 anos atras Jah ficou com saudades e mandou buscar o filho de volta.

"Um dia vou morrer, afinal todos irão morrer, vão me enterrar, um fazendeiro muito louco vai me adubar e me transformar em um lindo pé de maconha. Só assim poderei saber que mesmo depois de morto continuarei fazendo sua cabeça! (Bob Marley)


Espécie: Reggae


Data: 1945-1981


Natural de: Nine Mile, Jamaica.


No cardume: Peter Tosh, Bunny Wailer e Jimmy Cliff

Assim como a primeira postagem aqui da Peixaria foi uma lembrança aos 30 anos do suicidio do grande Ian Curtis, eu decidi neste post, homenagear outro peixe grande que não aguentou trocar a paz e o amor da revolução sexual e cultural pelos punks anos 80: Bob Marley. É, pra este não posso inventar nada, esta mais disseminado que atum, e sua linhagem musical (ocasionalmente também sanguinea) também é extensa, só de fisgada: Gilberto Gil, Funkstar De Luxe, Jorge Ben Jor, Eric Clapton e... Rihana (preciso tomar cuidado com o que eu falo, vai que aparece).

Dificilmente vou traze alguma coisa nova (como fiz no post do War, nossa aquilo deu trabalho), a historia do cara ta mais passada que as de "um Goraz enorme que no ultimo instante escapou" ( é, to estudndo os treco malandro, ta achando o que...) mas enfim, vamos tentar sair da mediocridade...

Robert Nesta Marley nasceu no povoado de Nine Miles, no centro-norte jamaicano. Bob teve um começo dificil, seu pai, Norval Marley, um militar branco, capitão da Marinha Real Britânica, abandonou Cedella, mãe de Bob, apenas um dia depois do casamento. Filho e mãe, na confusão com apenas 17 anos, aprenderam a amadurecer e sobreviver juntos e o menino cresceu muito apegado a mãe.
Com os bicos de cantora que Cedella conseguia e os soldos mensais que o pai mandava, Bob passou seus primeiros 10 anos tranquilamente, correndo entre as plantações de milho, pulando na cachoeira do Rio Dunn em Ocho Rios, dormindo ao relento, como canta na musica “Talkin’ Blues”, tudo mais ou menos dentro de uma vida pobre mais agitada de um garoto do campo, tudo pelo menos até a morte de Norval, em 1955.
Bob não sentiu muito a morte do pai, se lembrava que uma ou meia vez por ano um senhor branco (Norval tinha 50 anos quando se casou com Cedella) aparecia na casa e lhe dava uma bola ou um soldadinho de chumbo, cenas confusas mas que se diluem fácil no mundo mágico de um garoto de 10 anos, o que Bob não conseguiu esquecer facil foram as consequencuas que
essa morte trouxe pra jovem familia Marley. Sem o dinheiro que Norval mandava, se manter no campo se tornou insustentavel, Cedella teve que tentar a vida na capital, no mesmo ano da morte do pai Bob se mudou com a mãe pra um yard ( quarto e banheiro) do governo no favelão de Trench Town, versão jamaicana da Cidade de Deus. O contraste entre os milharais, os canaviais, os 20 casebres de Nine Miles ( ainda hoje com apenas 300 habitantes) e os barracos de aluminio, o esgoto buscando seu curso entre os panelões de arroz com ervilhas e terreiros de futebol foi chocante para Bob que demorou para se adaptar a violencia diaria da cidade: sofria preconceito por ser mulato, por ser baixo e por ser do campo, todos os males
que ele depois cantou em suas músicas.
Toda aquela rejeição aliada a adolescencia fez com que Bob buscasse a música como uma forma de expressar e de provar seu valor, sua igualdade, até que em 1962, junto com Peter Tosh e Bunny Wailer, seu amigo de infancia e com quem compartilhava uma meia irmã ( Pearl, fruto do relacionamento de Cedella com o pai de Bunny), Bob fundou o The Wailers.
Como citei no post do Jackie Mittoo, o talento nem sempre é suficiente e na Jamaica amigo,esse fato se afirmava com crualdade. Mesmo tendo conseguido, em 1965, lançar seu primeiro album "The Wailing Wailers" ( pela Studio One também citada no post do Jackie), o The Wailers não conseguiu despontar como Bob esperava e em 1966, recem casado e preocupado em como iria manter os pimpolhos que em pouco tempo iriam cmeçar a brotar, Bob desistiu da música e pegou uma jangada rumo aos Estados Unidos. Enquanto ele dirigia
empilhadeiras no turno da noite de um armazem e carregava bandejas num restaurante de dia (calma, provavelmente ele ainda não tinha aquela peruca doida), na Jamaica o Movimento Rastafari ganhava força com a visita de Hailé Selassié a ilha
WTF? eu explico, segue o reciocinio...
O Rastas surgiram no início de século 20 como uma reação cultural a repressão branca e sua catequisação protestante, bom, o fato é que a Bíblia tem mais de mil páginas, já passou por sei la eu quantas traducoes e so o proprio Jesus sabe quanto daquilo ali é verdade ou é mentira ( desculpem se estou ofendendo alguem mas é fato, muitos reis, papas etc deram "toque pessoal" naquele texto) e um cara chamado Marcus Garvey acabou entendendo que a Biblia
anunciava que Jah (Deus) se revelaria de novo na figura de um rei negro que assumiria o trono da Africa, a terra mãe. Tá, num continente com mais de 50 paises, com uma instabilidade politica gritante, um dia um cara se encaixaria no tipo e esse cara foi Ras Tafari Makonnen (decepcionado? Eu tambem. Não sei se tem uma traducao mais maneirinha mas o nome vem daí) , que assumiu o trono da Etiopia ( pra reforçar a profecia, o único país da Africa que nunca
foi colonizado) em 1930 e apos a coroação, passou a se chamar Hailé Selassié.
Até ai os Rastas não passavam de uns pescadores, velhos, uns gatos pingados que tiveram um contato maior com Garvey, que morreu em 1940, mas quando Jah, em pessoa, visitou seus discipulos na Terra da Primaveira, até quem não sabia o que estava acontecendo entrou em frenesi e Bob, impressionado com as cartas estusiamadas de Rita, sua esposa, voltou correndo
pra ilha natal... ele também ja tinha percebido que suar sem prazer ou uma palheta entre os dedos não era bem a dele.
Não demorou muito Bob e Rita também se converteram ao Movimento Rastafari. Com os 700 dolares que trouxe dos Estados Unidos, Bob abriu uma loja de discos e pouco a pouco voltou a cantar e reassumiu a liderança dos The Wailers. A banda tocava por Kingston, por Londres ( onde ainda hoje há uma grande comunidade jamaicana) e parecia se aprimorar cada vez mais: gravou 4 discos entre 1970 e 1971, era uma bomba relogio prestes a explodir, só precisavam estar na hora e no lugar certo.
E essa hora chegou: em dezembro de 1971, em uma turne da banda por Londres, Bob entrou no escritorio da inovadora e renomada gravadora Island Records, era muita ousadia pra uma banda que tocava um bagulho irreconhecivel pra muita gente, mas como eu falei, por acaso Chris Blackwell, também jamaicano e dono da parada ali estava passando por ali, olhou pra aquele sejeito maltrapilho, fedorento, desligado e fechou contrato na hora.
Depois de umas ferias na Jamaica, desfrutando o adiantamento de 6 mil dolares de Chris o The Wailers comecou a se empenhar no novo album e logo perceberam, Bob não poderia ter conseguido algo melhor. O cache era alto, a liberdade era total e Chris era um cara brilhante, entendia do assunto e no final das contas se tornou essencial na evolução do som dos The Wailers: deu um tapa na pegada de Guitarra de Tosh, convenceu os caras da importancia de um back vocal bem feito, contratou um tecladista e fechou com o baixo sensacional de Aston Barret e uma capa bacaninha em formato de isqueiro Zippo. A critica ficou enbasbacada, quem
entendia aplaudiu de pé e daí até a famosa versão de "I Shoot the Sheriff" de Eric Clapton, em 1974, que espalhou de uma vez o Reggae pro mundo era só quastão de manter o nivel.
Acho que em relação as músicas nem cabe comentarios, cada um tem a sua preferida já segundo o próprio Bob:

"O reggae não é pra se ouvir é pra se sentir. Quem não o sente não o conhece."




Músicas:
1. Concrete Jungle
2. Slave Driver
3. "400 Years
4. Stop That Train
5. Baby We've Got A Date
6. Sir it Up
7. Kinky Reggae
8. No More Trouble
9. Midnight Ravers