30 de setembro de 2011

Concerto para piano No 2, em Lá Maior - Franz Liszt




"Ela deu um suspiro profundo, como se quisesse dizer que ele não estava tentando compreender.
- O jogo é fingir, é fazer os movimentos da vida, mas não é para viver.
- A escola é a vida.
- Não. - Rynn balançou a cabeça com tanta força que foi preciso afastar dos olhos os longos cabelos. - A escola é ter pessoas lhe dizendo o que é viver, sem deixar que você descubra por si mesmo.
- Mas é preciso ir à escola.
- Para quê?
- Para aprender alguma coisa.
- Tais como...?
- Ler e escrever, e...
- E eu não sei ler, eu não sei escrever?
- Muito bem, porque seu pai lhe ensinou. E o que diz de quem não tem um pai como o seu?
- Alguma vez me referi a outra pessoa, além de mim mesma? Se você gosta da escola, tanto melhor para você.
- Exceto que eu não acredito que você esteja dizendo o que pensa.
- Por que teria eu de querer que todos fossem iguais a mim, quando eu não quero ser como todo mundo?"

(A menina no fim da rua)



Espécie: Música Clássica/Romantismo

Data: 1811-1886

Natural de: Doborján, Reino da Hungria 

No cardume: Johannes Brahms, Franz Shubert e Frédéric Chopin


Sim, eu vou pro inferno por misturar Joy Division com Chopin mas é isto mesmo, estou falando sobre música clássica e apesar de parecer uma péssima idéia, pelo menos até este momento, não me arrependi.
O fato é que já passamos um pouco pelo cinema no post do "Jackie Mittoo" e hoje é a vez da literatura, que atraves do livro " A menina do fim da rua" de Laird Koenig, me mostrou que a música classica pode ser interessante quando descobri, no meio do mundo surreal da garota Rynn, o gênio Franz Liszt.
Quem entende diz que uma grande diferença entre o conto e o romance é o momento em que o autor "joga sua carta mais alta" e fisga o leitor: o conto deve faze-lo de imediato (Machado de Assis que o diga) já o romance pode faze-lo aos poucos, de susto em susto, de passagem a passagem."A menina do fim da rua", se seguirmos esse criterio, com certeza é um conto.

Numa narrativa tensa, sutil, sincopada e essencialmente não só visual, mas sensorial , Laird Koenig nos embala pela historia fascinante e excitante de uma menina que, planejou com o pai, consciente de ser portador de uma doença terminal, uma realidade fantástica e surreal e que apos a morte deste, se esforça para manter, convencendo a todos de que o pai ainda mora com ela na casa. O cinismo, puro, original, inteligente sempre me atraiu (a quem não atrairia?), e é pra mim hoje um sinonimo de Rynn, a menina, que com uma leveza e clareza surpreendente, passa o enredo tentando manter seu mundo planejado, magico protegido dos adultos.

Tá, leiam o livro, agora voltando aquela ideia da música clássica, vamos ter que voltar um pouquinho na história, coisa pouca, lá pelo Brasil-Colônia... então concentrem-se:

Alem do talento inato, Franz desde pequeno recebeu a melhor educação em músca e apesar de segundo ele ter sido as apresentações periodicas dos ciganos sua maior influencia, desde pequeno viveu cercado das melhores influencias musicais posssiveis que sua familia, sem grandes posses, podia oferecer.

A real era que o pai de Franz, Adam Liszt, tinha sido obrigado a encerrar seus estudos de música na juventude e mesmo depois alcançando algum prestigio, no geral, era um músico mais ou menos frustrado, ou seja, mais cedo ou mais tarde, quando o pequeno Franz sentou no piano pra ver que merda que eram aquelas listras brancas e pretas, seu velho ficou louco, passou a mandar carta pra todos os Playboys, principes, burgueses da epoca pra conseguir pagar os estudos de música do filho e Franz nunca mais desceu daquele banquinho.

Assim passou por Carl Czerny, Antonio Salieri e foi parar no Conservatorio de Paris. Bom, vou parar de falar de nomes que não m dizem nada, estou pisando em um terreno desconhecido aqui então antes que eu fale mais merda vamos ao que interessa:

Em 1840, periodo considerado ainda longe da sua "maturidade musical", Franz Liszt compos Concerto para piano No 2. A peça ( haushsuas... não sei se esse é o termo certo) foi escondida por quase 20 anos, sendo interpretada pela primeira vez apenas em 1857, pelas mãos justamente daquele a quem ela foi dedicada, o aluno prodigio Hans von Bronsart.

Nas palavras de quem entende, Concerto para piano No 2 é uma peça bem menos extravagante e virtuosa que a No 1 mas apresenta uma profunda originalidade tanto na forma já que apesar de ser um Concerto para piano, o piano não parece conduzir arrogantemente a peça como era o costume mas apenas sugere as linhas mudando levemente o tema, como nas suas linhas inovadoras, independentes de qualquer movimento ou tendencia da época.

Nas palavras de quem não entende, eu, Concerto pra piano No 2 é uma dos únicos representantes da música clássica que eu consigo ouvir com frequencia primeiro por, como os criticos disseram, ela não ter geral, um tom extravagante e pretensioso mas também por ela não ser repetitiva, não ser fechada, autoritaria tendo várias pausas e vacilos que te deixam viajar e realmente sentir a música. Acho que Concerto pra piano No 2 ( putz.. preciso abreviar esse nome) é justamente aúdivel, e era isso que eu queria dizer até agora, porque a peça não parece querer contar uma historia, não tem temas gerais que te sugerem sentimentos concretos: raiva, tristeza, alegria, mas parece desumanizada, alheia, aberta e principalmente porque aquelas linhas estridentes de violinos no geral ficam em segundo plano, perdem pros graves violoncelos, pro sopro e isso é bom, acho aquelas linhas de violino muito irritantes.

Então é isso meu, tá servido?: Concerto pra piano No 2, em Lá Maior com Sviatoslav Richter no piano e a Orquestra Simfonica de Londres sobre a regencia do maestro Kyril Kondrashin de fundo. Um peixe exótico hein !






Músicas:

Concerto pra piano N°2, em Lá Maior dividido em 4 andamentos distintos

(É, voces não sabiam mas eu fiz 5 anos de teoria musical na ULM/Emesp, não é bagunçado assim não bixo)

1. Adagio sostenuto assai - Allegro agitato assai
2. Allegro moderato
3. Allegro deciso - Marziale un poco meno allegro
4. Allegro animato