30 de maio de 2010

Unknown Pleasures - Joy Division




"Há 30 anos atrás o suicidio de Ian, jovem inteligente, sobrio e lider de uma das bandas mais promissoras da época chocou o mundo. Este post inaugural é antes de tudo uma homenagem a sua memoria, a sua alma e aos fãs que compartilham comigo o lamento de mais uma perda valiosa na música".

"We'll share a drink and step outside.An angry voice and one who cried.We'll give you everything and more. The strain's too much, can't take much more. Oh, I've walked on water, run through fire. can't seem to feel it anymore.
It was me, waiting for me, hoping for something more, me, see me in this time, hoping for something else..." (New Dawn Fades)

"Nós dividiremos uma bebida e iremos embora. Uma voz irada e outra que chora. Nós te daremos tudo e muito mais, a tensão é tanta, não se pode aguentar mais. Oh, eu caminhei sobre a água, corri através do fogo. parece que não consigo sentir mais.
Era eu, esperando por mim, esperançando por algo mais, eu, me veja nesta hora, esperançando por algo mais..." (New Dawn Fades)
Espécie: Pós-punk

Data: 1976-1980

Natural de: Manchester, Inglaterra

No cardume: New Order, Bauhaus, The Smiths, Interpol e The Cure

Esse peixe não é exatamente raro, é facilmente encontrado por outras peixarias da vida, mas resolvi inaugurar com ele nosso acervo primeiramente em lembrança a Ian Curtis, já que neste mes fez 30 anos de seu suicidio e em segundo lugar , apesar de não acreditar que teremos mais que alguns ganchos do nosso acervo dedicado à sua espécie, esse é um dos meus peixes preferidos. Falo de uma das mais originais, densas e decisivas bombas do rock inglês, ou com certeza, a mais breve.

Produto de uma mente lucidamente perdida, obscura, impressionantemente determinada e, para não entrarmos em maiores suposições, fico com a dica, “auto-rejeitada”, que era a de Ian Curtis, o Joy Division, tramado pelo próprio, por Peter Hook e Bernard Summer ( completado mais tarde com o baterista Stephen Morris) num show do Sex Pistols em 76, misturando segundo eles, Velvet Underground, The Doors, David Bowie e os proprios patronos, os Sex Pistols, chegaram a um som completamente original que antes de agradar ou desagradar, arrasa por todos os lados qualquer sujeito que, provado seu interesse por musica, fuçando muito, tenha conseguido chegar à esse texto.
A bateria aguda, persistente e determinante, a guitarra distorcida e limpa de Bernard (ouça e vai entender), os acabamentos timidos do sintetizador*, a voz distante, desesperadamente calma (mais uma vez, ouça e vai entender) e naturalmente sinistra de Ian, criaram, junto com a poesia afiada e bem trabalhada das letras, que geralmente abordavam : auto-isolamento, claustrofobia, depressão e instabilidade emocional, um som pesado, angustiante e único.
A pérola que trago aqui, foi lançado em 79, após o sucesso que o Joy teve ao ter algumas de suas músicas lançadas numa coletanea de praxe da gravadora ( a consagrada Factory). Foi muito bem recebido tanto pela crítica, quanto pelo público e, apesar de não ser muito justo usar o termo quando a coisa é decidida por par ou impar ( a banda tem apenas mais um disco, Closer), considero a obra-prima do Joy.

Então é basicamente isso ai, o Joy é uma banda que com certeza vale a pena ser pesquisada, tem umas paradas bem interessantes a respeito. Recomendo ouvir o disco quando estiver cansado, jogado numa poltrona, já no final da noite. Fui.
* introduzido depois de muita propaganda pelo lendario figuraça Martin Hannett ( Zero), produtor do grupo, mais perceptível no segundo disco, Closer, era talvez o prenuncio de quais seriam os proximos passos, "um som mais eletrônico pro Joy". Pelo menos, foi esse o caminho adotado pelo New Order, a banda que Peter, Bernard, Stephen e sua esposa, Gillian Gilbert formaram após o suicidio monstruoso de Ian em 18 de maio de 80, um dia antes do inicio da primeira turne internacional do quarteto, que decretou o fim do Joy.




Músicas:

1. Disorder
2. Day of the Lords
3. Candidate
4. Insight
5. New Dawn Fades
6. She’s Lost Control
7. Shadowplay
8. Wilderness
9. Interzone
10. I Remember Nothing

15 de maio de 2010

"A música pode ser o exemplo único do que poderia ter sido - se não tivesse havido a invenção da linguagem, a formação das palavras, a análise das ideias - a comunicação das almas."

(Marcel Proust)