30 de janeiro de 2011

Da Lama ao Caos - Chico Science & Nação Zumbi


Eu me organizando, posso desorganizar e eu desorganizando, posso me organizar" (Da Lama ao Caos)

Espécie: Manguebeat
Data: Com Chico> 1991-1997 , sem Chico> 1997-

Natural de: Recife, Pernambuco, Brasil.

No Cardume: Mundo Livre S/A



Não digo que foi o primeiro, mas este foi o resultado de uma das minhas primeiras pescarias. Tudo começou quando minha madrinha me deu o dvd "Cassia Eller Acústico". Eu não sei como ela descobriu isso, na verdade ela sempre vem com uns papos, com uns presentes que acertam em cheio, sei la o fato é que eu gostava e ainda gosto muito da Cássia e com 10 anos de idade, nunca tendo visto ela cantando em vídeo, aquilo rodava semanalmente até alguem se irritar e tirar o aparelho, na época um trambolho, da tomada. Com o tempo, nos raros momentos em que eu pedia entrar na internet, eu decobri os rostos que eu via no video, o "Xis", o "Nando Reis" e o peixe que trago aqui hoje, e pelo qual tenho um grande apreço: "Chico Science & Nação Zumbi"



O disco "Da Lama ao Caos", o marco zero do descentralizado movimento Manguebeat, trouxe uma nova linguagem para a música em sua fusão entre o funk, o hip hop e o maracatu e é considerado um dos discos mais importantes da MPB.

A " Nação Zumbi" nasceu sob a sensibilidade do mestre Chico Science, que desde a década de 1980, vinha circulando entre as cenas hip hop e funk-rock de Recife e inclusive, bagunçando um pouco a coisa com a formação de bandas como Loustal. Mas foi só em 1990, quando Chico entrou em contato com grupo de samba-reggae olindense, Lamento Negro, que sua verdadeira contribuição para a música começou a ser pensada. Entre uma cena e outra, entre Loustal e Lamento, num impulso inevitavel ou não, Chico teve a sacada de como misturar tudo no que ele chamou de "Manguebeat" parindo, do cruzamento das duas bandas, os cavalos do movimento, a "Nação Zumbi", em 1991.

Em janeiro de 1994, formatando toda aquela bagunça que, desde sua formação, "Chico Science & Nação Zumbi" vinham causando entre São Paulo e Recife, "Da Lama ao Caos". O album, apesar de muito criticado por manter uma limpeza e uma uniformidade em gritante contraste com as apresentações ao vivo do Nação Zumbi, apresentou o Movimento Manguebeat para o grande público e definiu-o, com suas letras energicas e politizadas, como protestante desde seu início e hoje em dia, é um clássico.

O album é aberto de forma impecável por "Monólogo ao Pé do Ouvido", que pode ser considerado o manifesto do Manguebeat, dizendo : "modernizar o passado é uma evolução musical" justificando a forma, a fusão do hip hop e do funk com o antigo e tradicionalissimo maracatu e inaugurando o conteúdo, essencialmente politico e moral, diz :"o homem coletivo sente a necessidade de lutar. O album segue nesse tom, pessoalmente, justificando sua genialidade em : "Banditismo por uma Questão de Classe" que denuncia o banditismo como a sobrevivencia do pobre ante um sociedade desigual, dizendo:e quem era inocente já virou bandido, pra poder comer um pedaço de pão todo fodido. Em "Rios, Pontes & Overdrives", "Samba Makossa", "Antene-se" e "Côco Dub (Afrociberdelia)" que trazem todo o impressionante potencial ritmico e musical do Manguebeat e finalmente, para não haver mais duvidas, na faixa título do album "Da Lama ao Caos", da qual vos deixo um trecho:

-Ô Josué, eu nunca ví tamanha desgraça
Quanto mais miséria tem, mais urubu ameaça

Peguei um baláio, fui na feira roubar tomate e cebola
Ia passando uma véia, pegou a minha cenoura

-Aí minha véia, deixa a cenoura aqui
Com a barriga vazia não consigo dormir

E com o bucho mais cheio começei a pensar
Que eu me organizando posso desorganizar
Que eu desorganizando posso me organizar

( Da Lama ao Caos )


Sentiu?






Músicas:

1. Monologo Ao Pé Ado Ouvido
2. Banditismo Por Uma Questão de Classe
3. Rios, Pontes & Overdrives
4. A Cidade/Boa Noite Do Velho Faceta (Amor de Crianca)
5. A Praieira
6. Samba Makossa
7. Da Lama Ao Caos
8. Maracatu de Tiro Certeiro
9. Salustiano Song
10. Antene-Se
11. Risoflora
12. Lixo Do Mangue
13. Computadores Fazem Arte
14. Coco Dub (Afrociberdelia)