15 de julho de 2010

Cavalo de Pau - Alceu Valença

"De puro éter assoprava o vento. Formando ondas pelo milharal. Teu pelo claro boneca dourada. Meu pelo escuro cavalo de pau..." (Cavalo de Pau)
"Nessas tardes molhadas de agosto.Sinto a chuva lavando minha alma. Sinto o frio entrando pelos ossos. Como uma coisa um troço, não sei explicar..."
(Lava Magoas)



Espécie: MPB/Nordestina
Data: 1946-
Natural de: São Bento do Una, Pernambuco, Brasil
No Cardume: Zé Ramalho, Elba Ramalho, Geraldo Azevedo, Zé Geraldo e Belchior
Esse peixe foi pescado pelo meu pai, desconfiou que mais ou menos na minha idade. Convivi com ele durante toda minha trajetória de ouvinte passivo mas hoje se tornou também, como quase todo o resto do seu cardume, de meu gosto.

No encontro do agreste com o sertão, sob o sol onipresente de Pernambuco, brotou Alceu Paiva Valença, esse figuraça da musica nacional e internacional que tenho o prazer de apresentar aqui.
Desde menino, atônito em meio de repentes, poesia, Jackson do Pandeiro, Luiz Gonzaga mais tarde, na adolescencia em Recife, completados com Dizzy Gillespie, rabecas,Little Richard, folguedos,Dalva de Oliveira e Orlando Silva, delirava nas festas, nos "arrasta pés" da pequena São Bento de Una, corria atrás dos cantores e violeiros andarilhos.
Com essa variedade de experiências e ritmos guiando seus pensamentos e sua brilhante capacidade de combinar diferentes estilos e sons (provada nessa obra, aqui apresentada), não demorou muito, conseguiu assimilar e cozinhar tudo com uma naturalidade espantosa, criando no final da decada de 60, depois de ter desistido de seguir a carreira em Direito, uma tremenda euforia no cenario musical de Recife.
Entre acertos e erros, inevitalvelmente, o pó do terreiro subiu e pode ser visto de longe, lhe rendendo em 71 (depois de ter bagunçado bastante), um convite pra vir morar no Rio de Janeiro, de seu amigo Geraldo Azevedo.
E foi ai que tudo começou...

Repleto de poesia, garra e ritmo, Cavalo de Pau deixou muito mais do que "corações em pedaços" quando, em 1982, logo após ter voltado do Festival de Montreux (Suiça), Alceu "o lançou num tiro certeiro", no meio da explosão do Rock Rural, do universo caipira e sertanejo, da ascendente, e talvez por isso, então chamada de "cultura de segunda categoria".
Cavalo de Pau, com uma mistura doida e desigual de efeitos do "Indie Rock", ritmos nordestinos (baião, coco, toada, maracatu, frevo), num ambiente pop que se tornaria não só de Alceu, mas marca registrada da música nordestina em geral e que daria novo folego e destaque à musica tradicional do nordeste, foi bem recebido pelo público e hoje é um cult clássico e expressão de toda uma geração de migrantes.








Músicas:

1.Rima com rima
2.Tropicana
3.Como dois animais
4.Pelas ruas que andei
5.Martelo alagoano
6.Lava mágoas
7.Cavalo de pau
8.Maracatú




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